quarta-feira, 12 de maio de 2010

12/maio/2010 - Visita ao instituto Tomie Ohtake


Recordatório – 12/maio/2010
Instituto Tomie Ohtake
           Para iniciar este devaneio acredito ser relevante pontuar brevemente quem é Tomie Ohtake e sua relação com o Instituto.
Tomie Ohtake nasceu em 1913 em Kioto no Japão. Veio para o Brasil em 1937 para visitar seu irmão. Durante sua visita, a situação do outro lado do oceano complicou-se. A guerra iniciava-se e as alianças formaram o eixo Alemanha-Itália-Japão, impossibilitando seu retorno. Foi assim que Tomie Ohtake permaneceu no Brasil e casou-se com um brasileiro e tomou o novo país como sua segunda pátria. Iniciou seu trabalho como artista plástica nos primeiros anos da década de 1950, com quarenta anos, por influência de seu professor de pintura, o artista Keisuke Sugano. Em 1957 já realizava sua primeira exposição individual no Museu de Are Moderna de São Paulo. O espaço projetado por Ruy Ohtake leva o nome da artista, inaugurado em novembro de 2001. Por ser um instituto o ITO não possui acervo, mas produz e recebe exposições temporárias. O ITO “tem como missão difundir e refletir, através de exposições, oficinas, cursos e debates, as grandes transformações ocorridas desde os anos 50 até aquelas que estão em curso hoje, nas artes plásticas, arquitetura, design e, em breve, no teatro, performance, música, dança e cinema” [1].
Encerrada a apresentação fomos para a parte externa do ITO e tivemos contato, na prática, com os princípios de funcionamento da câmera fotográfica. Havia dois objetos que proporcionavam esta experiência: o primeiro era a Câmara Obscura, uma caixa preta com um pequeno furo e a parte interna oposta a ele pintada de branco e todas as demais partes da caixa de papelão estavam pintadas de preto. A parte branca era necessária para a projeção do reflexo e para que se enxerga-se era preciso colocar a cabeça inteira dentro da caixa. A segunda não era preciso colocar a cabeça inteira dentro da caixa, mas olhar por uma fresta para receber a imagem. Nesta segunda havia uma lente e suas imagens eram bem mais nítidas. Tivemos uma conversa sobre o que foi vivenciado e iniciamos uma discussão acerca da recepção de imagens na nossa sociedade.
Fomos em seguida para a exposição de fotografias de João Luiz Musa. A exposição é dividida em dois ambientes. O primeiro refere-se à produção do fotógrafo nos anos 1973 e 1974 quando ele viajou para a Europa. As obras são em preto e branco e nota-se uma quase ausência de pessoas, e quando estas aparecem estão sempre isoladas uma das outras, compenetradas e seus próprios mundos pessoais lendo jornais ou revistas, ou entretidas em outras atividades. No outro ambiente já podemos notar uma outra fase do fotógrafo, onde ele trabalha com cores, muitas vezes manipuladas digitalmente, e o aparecimento de pessoas em sua fotografia torna-se mais freqüente. O educador nos deixou livre para ver as obras individualmente, permitindo assim um espaço e tempo para nossas primeiras impressões. Depois nos reunimos e abrimos uma roda de discussão onde foram abordados temas como até que ponto a fotografia pode ser manipulada digitalmente, o que nos levou um debate maior acerca da questão da manipulação do artista sobre todas as formas de arte, uma vez que a pintura também é uma seleção do real assim como a fotografia. Foi questionada também a questão da presença da representação de pessoas na fase mais recente do fotógrafo, pois apesar de aparecerem muitas pessoas nas fotografias, na maioria das vezes ela estão em multidão, mas mantêm-se isoladas. O debate se expandiu para questões paralelas, e o educador nos deixou livre para seguir linhas de raciocínio e participou dando a impressão de horizontalidade nas relações estabelecidas no grupo.
Após a roda de discussões fomos ao Ateliê. Pessoalmente eu achei uma das experiências mais marcantes. Em vários museus que já visitamos o educativo informava que tinha o projeto Ateliê, mas nós não tínhamos entrado em contato direto até este momento. A possibilidade de criar, recriar e sentir todo o processo de criação do grupo foi uma sensação única. Talvez isto marcou tanto por eu não ser da área de artes plásticas e, assim como muitos no grupo, não mantenho uma prática de produção artística. Foi possível notar, inclusive, as influências de cada membro e pude traçar, uma linha artística que cada um seguiu nesta atividade. A oportunidade de representar idéias e conceitos em algo material foi uma experiência inédita para mim (com exceção dos trabalhos na época de escola). Fico, assim, ansiosa pela atividade de amanhã.

Há Braços!

Amanda Catherine Monteiro


[1] Texto retirado de: < http://www.institutotomieohtake.org.br/instituto/objetivo/teobjetivo.htm > acesso em 12/maio/2010.




PS: Texto formal, entregue ao meu supervisor... Com tempo escreverei mais livremente sobre as atividades seguintes x)

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