domingo, 16 de maio de 2010

Primeiras semanas - Bienal experience


  • Notas sobre as duas primeiras semanas no curso de formação de monitores para a 29ª Bienal de Artes de São Paulo.

Escrevo tardiamente sobre as minhas recentes experiências, agora tenho um distanciamento crítico sobre as atividades realizadas, mas por um lado perco a essência das emoções que senti em cada uma delas. Para as próximas semanas tentarei escrever no mesmo dia, para preservar essas sensações...
Iniciam-se os trabalhos em 03 de maio, o grupo se encontrou às 9 horas na frente do Itaú Cultural, Av. Paulista. Exposição: Hélio Oiticica – O Museu é o Mundo.
Eu conhecia Oiticica só por citações, nunca fui atrás de seus trabalhos nem de sua biografia. Meus contatos com arte iniciaram-se recentemente. Até ano passado eu era uma amadora interessada, a partir do início de 2010 meus estudos na graduação foram direcionando-se para fontes visuais. Busquei por matérias que abordassem estas temáticas, e me apaixonei. Mas isto é reflexão para outro momento.
Eu poderia descrever passo a passo as exposições, era o que eu teria feito se tivesse escrito no primeiro dia de curso. Em duas semanas tanta coisa mudou em mim. Estou conseguindo me soltar de diversas amarras, estou aprendendo a fugir um pouco do academicismo e permitir-me a tantas impressões. Estou aberta às sensações que as obras me produzem, e isto é incrível! Ter iniciado o curso pela exposição do Oiticica tornou tudo mais intenso. Tive contato com uma nova concepção de museu, permiti que todas as minhas percepções fluíssem. Meu olhar, meu tato, meus sentimentos mais profundos se mostraram presentes no decorrer da exposição. Cheguei em casa com minha cabeça a mil. Um turbilhão de sensações, de vontades. Queria escrever desenfreadamente. Não escrevi, problemas pessoais não permitiram. Fechei-me novamente.
Exposição seguinte: Flávio de Carvalho, Museu de Arte Moderna. Confesso, não conseguia pensar. Minha cabeça estava muito presa ao que tinha ocorrido na noite anterior. Quero retornar à exposição. Eu já conhecia superficialmente as experiências do artista. Interesso-me por intervenções públicas.
Consigo dormir e acordar mais tranqüila. Teríamos mais um dia de exposições, desta vez na estação Pinacoteca. Tenho um apreço pessoal por aquele lugar. O Memorial da Resistência é uma referência para mim. Ligo-me emocionalmente, hoje sei perceber que não tenho um distanciamento crítico para analisá-lo como um ambiente estrategicamente pensado. Mas não é sobre isto que busco falar agora. Chegamos em uma manhã ensolarada à Pinacoteca, uma breve discussão em grupo sobre as exposições passadas e a lembrança do recente contato com a vida e obra de Oiticica volta a me rondar. Sinto vontade de seguir. De me expandir. Seguimos para a palestra no auditório da Estação. Definições de museu, preservação, acervo e afins incitaram-me a ir pesquisar mais. USP em greve. Bibliotecas fechadas. Acabei deixando as pesquisas para depois. Neste momento ainda encontrava-me presa aos moldes acadêmicos do curso de história. E não qualquer curso, mas sim o tradicional curso de história da Universidade de São Paulo, ligado à escola francesa, ainda somos muito restritivos a diversas áreas de pesquisas. Mas esta é mais uma reflexão paralela a qual não quero prender-me agora. Nota mental: escrever sobre estas reflexões.
A ida muito rápida a exposição de Andy Warhol me deixou inquieta. Quero voltar lá este final de semana. Aprendi em 3 dias que uma exposição se investiga, e não somente passa-se por ela. Recordo-me dos grupos turísticos. Visitas a 3 museus em um único dia. Uma massificação. Ir ao museu somente para tirar foto na entrada e dizer que foi. Mostrar para os amigos, manter uma “pose”. Não serei tão crítica, eu já fui a mais de uma exposição em um dia, agora não sei se conseguirei mais. Aprendi as várias facetas de uma exposição, pensar o artista, compreender seu contexto, suas escolhas técnicas. Perceber a presença da curadoria e suas escolhas, analisar a relação do educativo no museu, e tantas outras reflexões. Minha cabeça neste momento é um grande mapa aberto com uma série de interligações, lembro do jogo proposto pela Bienal.
Itaú Cultural, MAM, Estação Pinacoteca, encontro teórico, Museu Afro-Brasil, teórico novamente, Paço das Artes, MAC-USP, Instituto Tomie Ohtake, teórico, MASP, ateliês, contato artístico... Hélio Oiticica, Flávio de Carvalho, Andy Warhol, João Musa, Max Ernst... Encontros, textos, leituras, músicas, corpo, ritos, rituais, discussões, risadas, definições, conceitos, experiências, aranhas, formigas, abelhas, gestação, escuta, partilha...
Levo destes primeiros dias as experiências mais marcantes de minha vida...

Há Braços!

Amanda Catherine Monteiro

           



Um comentário:

  1. Mas eu, com o curto tempo que terei em Sampa, vou fazer mais de uma exposição por dia. E você vai me levar KKKK

    Parabéns pelo Blog. Escrever bem está no sangue dos Carvalhos! ;)

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