segunda-feira, 10 de maio de 2010

Meros devaneios tolos...

O acadêmico me prende, quero escrever, quero escrever livremente. Quero entender que tenho momentos para cada tipo de escrita. Não preciso seguir a academia sempre...
Me solte, me liberte. Preciso romper com minhas próprias regras, quero conseguir romper com a definição de parágrafo, quero brincar com as palavras e com o visual do texto...
Não consigo, ao menos não estou conseguindo. Tenho isto formatado em mim. Tese, argumento, conclusão. Escreva coerentemente, sem erros...
Mas, não me sinto mais sinto tão aflita. Acabo de perceber que talvez isto seja o meu eu. Eu gosto de ser assim, sou metódica, tenho meus traços firmes e precisos. Quem me disse que preciso escrever tão desconexamente. Posso produzir um texto fluido
Pego mais uma xícara de café, e permito-me entrar em mim mesma.
Percebo há quanto tempo eu já não escrevia. Os moldes de pré-vestibular me moldaram, moldaram a todos. Perdi a vontade de escrever nesta época. Meu tio me cobrava isso: Menina! Não deixe de escrever, isto te deixa mais viva!
Não ouvi, naquela época eu não ouvia muita coisa.
Parte da minha (re) construção pauta-se em aprender a ouvir.
A academia te estrangula. Você acha-se por momentos detentor do conhecimento, acha-se dono da formação de cabeças. Olha o mundo como ignorantes, e encontra seu refúgio dizendo como a ignorância é bela. Sarcástico. Ácido. Distanciando-se cada vez mais de seu eu, de seu eu em contato com o mundo. Tornei o outro um distante, um exótico. Assim fui seguindo. Algumas bolhas não explodem. Ainda bem que a minha não é tão resistente.
Estou aprendendo a permitir-me às explosões, aos momentos. Mas não quero perder o que é parte de mim, perder? Perder não. Tudo muda.
Se minhas produções seguem moldes acadêmicos... Me perdi. Perdi minha linha de raciocínio. Escrevo desenfreadamente para aprender a voltar a escrever. Preciso disso. Preciso desta descarga mental, preciso de frases e palavras desconexas, preciso revirar tudo para recolocá-las no lugar. Mas existe um lugar? Tudo é questionável. Como não tornar-me parte de um molde estipulado se para onde olho é um molde? A própria negação do meu eu metódico é um molde. Está na moda ser livre. Me perdi. Estou aprendendo a gostar de me perder.
Lembro-me de Clarice. Sinto vontade de ler mais. De sair mais, de respirar mais, caminhar mais. E esta angústia que sinto em achar que preciso de pelo menos 5 vidas para fazer tudo que quero?
Sinto vontade de ler. Já li mais, já senti mais.
Minhas novas experiências estão me permitindo. Eu estou me permitindo. Permitindo meu reencontro. Meu resgate às minhas antigas paixões e minha quebra de bloqueios às novas.
Sinto a vontade de ler, o retorno à escrita. Todos deveriam escrever. A prática de um diário é ótima! Pronto! Descobri uma saudade essencial. Eu escrevia muito, escrevia todos os dias. Faz anos que não escrevo. Por isso me sinto travado. Escrever, eu até escrevo: relatórios, fichamentos, resenhas... páginas e páginas de trabalhos para a faculdade. Amo-os, não nego. Amo minha formação acadêmica, mas falta algo. Falta a escrita livre. Falta a escrita sem censura. Falta a escrita sem limites de páginas, sem mínimo sem máximo, simplesmente a escrita.
Não concluo. Não irei concluir. Este é o início do meu retorno comigo mesma. Deixei minhas palavras seguirem, precisei revirar (revolução) todas as minhas idéias, paradigmas, para reordená-las. Reordená-las? AHH que mania a minha de pensar em ordem e lugar certo para tudo. Precisei revirar minha cabeça para encontrar aquilo que estava escondido, empoeirado, em baixo de tantos paradigmas. Coloco-os em pauta.
Nota: expandir vocabulário. (aprendi o sistema de notas com uma colega, para não deixar de citar).


Há Braços


Amanda Catherine Monteiro.


Nota 2: reencontrar o sentido de Há Braços em mim mesma.


São Paulo, 10/maio/2010
20:27 - faz frio no meu apartamento.

Acabo de mexer em meus arquivos pessoais, encontro um texto esquecido. Tomei uma sacudida. Estou há meses querendo me reencontrar, começo isto. Eu só precisava de um incentivo. Algo que eu me apaixonasse. Posso dizer: meus atuais encontros durante o curso da Bienal estão me instigando a isto. Estou feliz.

PS: Amo. Amo alguém especial.

Segue o texto que encontrei:

Preciso escrever. Sinto falta disso. Há algo dentro de mim que mais cedo ou mais tarde vai explodir.
Não se escreve quando se está feliz. É difícil. Se escreve quando torna-se necessária a liberação de seus demônios.
Falamos de mundo, de filmes, de pessoas. Mas não quero falar sobre nada. Quero sentir. Preciso sentir. Faz tempo que não sinto. Só falo, respiro, existo. Mas não vivo.
Mas passa. Logo passa. Só preciso retornar ao meu mundo. Vozes me cansam, as pessoas me cansam, suas risadas suas vidas.
Mas o problema sou eu e não os outros. Preciso respirar. É a lei da selva. Vamos! Viva, conviva, sobreviva.


São Paulo, 4 de fevereiro de 2010.
00:39 de uma linda noite em São Paulo.


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